Vou Lhe Mostrar o Medo

Não foi com pequeno orgulho que introduzi Nikolaj Frobenius, um dos maiores escritores noruegueses da atualidade, ao leitor brasileiro. A escolha da sua obra de estreia no Brasil não poderia ser mais instigante: o romance Vou lhe mostrar o medo é nada menos que um suspense psicológico centrado na pessoa do grande poeta e contista norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849), criador do gênero policial na literatura.

Perpetuamente afligido pela pobreza e angustiado com a enfermidade da sua frágil esposa, o jovem poeta toma conhecimento de que assassinatos macabros, grotescamente semelhantes aos seus contos de terror e mistério, andam sendo cometidos. Quem será o criminoso, e qual o seu objetivo ao imitar dessa forma as histórias do autor de “O corvo”, e “Os assassinatos na rua Morgue”? Ficamos sabendo então que Poe conhece de longa data o monstruoso assassino, mas à polícia nega saber algo sobre ele, com medo de se comprometer. Paralelamente, o escritor é sabotado em sua carreira e nas suas tentativas de ascensão social pelo crítico literário Rufus Griswold, que, como Salieri em relação a Mozart na peça Amadeus, de Peter Schaffer — e no filme de mesmo título dirigido por Milos Forman —, dedica a Poe um misto de profundo ódio e incondicional admiração.
A vida de Poe é cercada de mistérios e circunstâncias inexplicáveis, as quais este romance procura explicar. É sabido, por exemplo, que Poe se mudou para Fordham no auge da sua carreira, mas não sabemos por que foi embora de Nova York, onde começava a fazer grande sucesso com suas obras. O que o teria compelido a deixar a metrópole no momento em que mais lhe convinha permanecer nela? Estaria fugindo de algo… ou de alguém? Outro fato conhecido é que, pouco antes de morrer (de causa desconhecida), ele balbuciava um nome, que ninguém até hoje conseguiu identificar: “Reynolds”. Quem era esse Reynolds?
Publicado em quase todos os países da Europa e traduzido em dez idiomas, este romance premiado, que discute os limites da criação literária e a responsabilidade moral da arte, foi recentemente plagiado por Hollywood, numa fraca adaptação para o cinema intitulada O corvo, estrelando John Cusack no papel de Poe, e inspirou a série de suspense The Following.
Nikolaj Frobenius nasceu em Oslo, Noruega, no ano de 1965. Autor de várias obras premiadas e traduzidas em dezoito idiomas, tornou-se mundialmente famoso como roteirista do filme sueco Insônia, que teve uma adaptação norte-americana em 2002, estrelando Al Pacino e Robin Williams.
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