Apologia aos Nerds

Não dá para entender o que tanta gente viu na Rede social, de David Fincher. Três Oscars e 8 indicações! Fala sério! Por um filme escuro, com uma trilha sonora chatinha — oscarizada! —, sobre um punhado de universitários que falam e digitam como metralhadoras coisas incompreensíveis para quem não pertence à tribo nerd! Oscar de roteiro adaptado? Mas se a história é igual à do telefilminho de 1999 Pirates of Silicon Valley, que trata do início da carreira de Steve Jobs e Bill Gates, os funerdadores da Apple e da Microsoft, contribuições, aliás, bem mais relevantes que o Facebook, retratado no filme de Fincher como uma nova imprensa e o pirralho Zuckerberg como um novo Gutenberg. O enredo é o mesmo: adolescentes começam a trabalhar juntos, ganham dinheiro, então o mais nerd e inescrupuloso de todos — mostrado como gênio — passa a perna nos demais, que o processam em milhões de dólares, e todos ficam bilionários no final. Bons tempos aqueles em que genialidade era criar ou inventar algo extraordinário, e não fazer um bilhão aos 19 anos..
Li que o Fincher vai dirigir a versão norte-americana do best-seller sueco Os homens que odiavam as mulheres (essa é a tradução correta, não a da Cia das Letras), de Stieg Larsson. Já de cara achei o elenco hollywoodianamente artificial: a soturna hacker Lisbeth Salander vai ser interpretada por uma bonitinha qualquer chamada Rooney Mara — que provavelmente está dando para o Fincher —, e o jornalista barrigudo Blomkvist vai ser o 007 Daniel Bombado Craig. Típico. Ruben Blades, ator latino, disse que se Hollywood fizesse um filme sobre Bolívar, colocaria um par de costeletas no Schwarzenegger. Eles nunca aprendem.
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